Aonde elas vão chegar, só depende delas.
Uma bailarina precisa de ter em sua mente aonde quer chegar, precisa de traçar metas mas, e principalmente, precisa de fôlego e paciência para fazer as coisas acontecerem, ainda que demorem um tantinho. Se nesses quatro anos de balé pude aprender alguma coisa é que, como tudo na vida, não adianta se a gente se desespera, senta num canto da parede e pensa em desistir porque "ah, não tenho abertura suficiente!" ou "nunca vou conseguir ter..." ou outra coisa qualquer, afinal (e sei que parece meio óbvio) essa não é a solução do problema. Lembro-me de voltar para a casa tristonha depois das aulas, completamente exausta em todos os sentidos, e, em algumas das vezes, me largar no colo da minha mãe sem mais conter o choro enquanto tentava encontrar um motivo para não me sentir tão incapaz. Depois parei com isso. Decidi tentar algo diferente. Se ainda falta muito - tudo bem, eu digo a mim mesma - respire e tente de novo, devagarzinho. Não queira ir de 45º à 180º de uma só vez. Vá a 50º primeiro, e depois a 60º - quem sabe. E, devo confessar, depois que me acostumei a fazer isso eu realmente deixei de me importar se o balé me levará a algum lugar, se eu alcançarei a linha de chegada ou ficarei pelo meio do caminho. Deixei de me preocupar com o que ainda há de acontecer e tratei de me dedicar ao que faço agora, porque, eu percebi, o que me faz feliz são as minhas conquistas - aqueles momentos de êxtase em que a gente grita "consegui!" e corre para mostrar a todo mundo o que podemos fazer - não as minhas expectativas, e que com a dedicação da qual disponho no momento as coisas têm muito mais chances para acontecerem futuramente. Como uma semente que é plantada e regada todos os dias com carinho e afinco.
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