Exercícios de ponta conferem beleza única ao ballet e são o sonho da
maior parte das bailarinas. No entanto, eles aumentam significativamente
o risco de lesões, e um preparo adequado é fundamental.
Não existe consenso sobre o momento em que se está pronto para
iniciar os exercícios de ponta, e critérios como idade, tempo de
treinamento, carga horária e força muscular são frequentemente usados.
Porém… muitas bailarinas têm amigas da mesma idade fazendo exercícios de
ponta, algumas vezes apenas porque frequentam escolas com critérios
flexíveis em relação a essa questão, e pressionam seus professores para
iniciá-los; os pais, que acham o exercício bonito, pressionam os
diretores das escolas; estes, para não perder os alunos, muitas vezes
tentam apressar todo o processo; e os professores sofrem pressões de
todos os lados e de todos os tipos para colocar seus alunos na ponta,
muitas vezes precocemente.
Em primeiro lugar é preciso entender que o corpo não amadurece da
mesma forma e na mesma idade em todas as pessoas. Existe um período
conhecido como “estirão do crescimento” que, apesar do nome, está
associado a diversas alterações além do crescimento rápido. Nele ocorre o
aumento da massa muscular, o desenvolvimento dos órgãos sexuais, o
aumento dos pelos pubianos e axilares e, nas mulheres, o início do
período menstrual. Observar essas características é importante na hora
de se avaliar o quanto uma bailarina está pronta para iniciar o trabalho
de ponta, uma vez que depois desse período o corpo se torna muito mais
preparado para receber carga extra de treinamento.
Também é importante avaliar o objetivo de cada bailarina: se quiser
praticar o ballet como recreação, sem objetivos de grandes rendimentos, a
melhor opção é não realizar exercícios de ponta; e se realmente quiser
fazer a ponta, é preciso que treine muito. Ela também precisa,
obviamente, ter flexibilidade suficiente no pé, sem nunca esquecer que,
ao contrario do que muita gente pensa, seu corpo inteiro precisa
preparar-se para fazer a ponta, e não apenas o pé.
Ao subir na ponta, a bailarina se equilibra sobre uma área muito
menor do que quando está apoiado sobre todo o pé. Se não tiver força,
equilíbrio e acima de tudo habilidade técnica suficiente, além de não
conseguir fazer os exercícios direito, o esforço para realizá-los será
muito maior e isso poderá provocar lesões.
Ao avaliar um jovem bailarino, o médico deve sempre questioná-lo
sobre o trabalho de pontas e eventualmente correlacionar alguma queixa a
uma lesão específica. Caso perceba esta relação, não é seu papel
decidir se o bailarino deve ou não fazer exercícios de ponta, mas sim
orientá-lo para se preparar melhor para fazer os exercícios da forma
mais saudável possível.
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